Publicado em 6/09/2018 as 4:00pm
Em texto no 'New York Times', funcionário da Casa Branca diz que Trump enfrenta grupo de resistência interna
Em artigo anônimo, funcionário de alto escalão chama estilo de liderança de Trump de 'impetuoso, contraditório, mesquinho e ineficaz'. Ele diz que grupo acredita que 'primeiro dever é com esse país, e o presidente continua a agir de maneira prejudicial à saúde de nossa república'.
Em um artigo publicado nesta quarta-feira (5) pelo jornal "New York Times", um alto funcionário da Casa Branca assume que um grupo dentro da presidência criou uma "resistência" a Donald Trump.
Segundo o autor, que não se identifica, o objetivo é colocar o país em primeiro lugar.
O texto traz duras críticas a Trump, e dá a entender que o grupo, que em nenhum momento tem especificados seu tamanho ou o alcance de sua influência, já evitou que o presidente cedesse a impulsos que poderiam ter prejudicado os EUA.
"A raiz do problema é a amoralidade do presidente. Qualquer um que trabalhe com ele sabe que não está atrelado a nenhum princípio discernível que guie sua decisão"
"É por isso que muitos nomeados por Trump prometeram fazer o que pudermos para preservar nossas instituições democráticas enquanto frustram os impulsos mais mal orientados de Trump até que ele esteja fora do escritório", continua.
O autor, porém, afirma que nem tudo está errado e elogia alguns pontos da administração, além de garantir que o grupo deseja seu sucesso e acredita que muitas de suas políticas "já tornaram a América mais segura e próspera".
"Mas acreditamos que nosso primeiro dever é com esse país, e o presidente continua a agir de maneira prejudicial à saúde de nossa república"
O problema maior, segundo o autor, é o estilo de liderança de Trump, chamado de "impetuoso, contraditório, mesquinho e ineficaz".
Adultos na sala
Ele usa como exemplo da atuação do grupo a política externa, citando que Trump tem uma "preferência" por autocratas e ditadores, como Putin e Kim Jong-Un, e que foi muito difícil convencê-lo a aceitar que era preciso impôr sanções e expulsar diplomatas russos dos EUA no episódio de envenenamento de um ex-espião russo no Reino Unido.
Além disso, destaca, assessores se empenham em manter um bom relacionamento dos Estados Unidos com tradicionais aliados, mesmo quando o presidente critica e provoca líderes desses países.
"Pode ser um conforto frio nesta época caótica, mas os americanos devem saber que há adultos na sala. Nós reconhecemos plenamente o que está acontecendo. E estamos tentando fazer o que é certo, mesmo quando Donald Trump não o faz", diz.
O "New York Times" afirma ter publicado o artigo de forma anônima a pedido do autor, já que a revelação de sua identidade certamente significaria a perda de seu cargo.
Segundo o jornal, publicar o artigo, mesmo sem informar o nome de seu autor, era a única maneira de oferecer uma perspectiva importante aos leitores.
Fonte: G1