Publicado em 30/10/2018 as 4:00pm
Homem que atacou sinagoga em Pittsburgh é apresentado em tribunal
Onze pessoas morreram quando Robert Bowers entrou atirando no templo judaico nos EUA. Promotoria deve abordar chacina como crime de ódio.
Robert Bowers, o homem acusado de cometer o ataque a uma sinagoga em Pittsburghno sábado fez sua primeira aparição no tribunal nesta segunda-feira (29) para ouvir oficialmente as acusações federais contra ele. Ele permanecerá preso sem fiança, disse o procurador Scott Brady aos repórteres, em um breve comunicado.
O atirador foi acusado de 29 crimes, incluindo 11 acusações por uso de arma de fogo para cometer homicídio e 11 acusações de obstrução do exercício de crenças religiosas que resultaram em morte.
Ele também enfrenta 11 acusações estaduais, incluindo tentativa de homicídio e agressão agravada.
A próxima audiência do caso será na quinta, quando o governo apresentará evidências de que Bowers assassinou 11 pessoas que praticavam suas crenças religiosas e atirou ou feriu outras seis.
Neste domingo, fontes oficiais disseram que ele poderá ser condenado a pena de morte em um processo que a promotoria abordará como um crime de ódio, e não um ato de terrorismo doméstico.
"Abordaremos isto como um crime de ódio. Nada faz indicar que alguém mais estivesse colaborando com ele, razão pela qual o enfocaremos como um crime de ódio, mas seguimos investigando", declarou Brady durante uma entrevista coletiva no domingo.
À medida que avança a investigação, vão sendo revelados novos detalhes que fazem pensar que a motivação do assassino era puramente antissemita. As autoridades confirmaram que, enquanto disparava de maneira indiscriminada contra os presentes, Bowers gritava que tinha que "matar todos os judeus".
"Na sinagoga, Bowers fez comentários a respeito do genocídio e sobre seu desejo de matar pessoas judias", ressaltou Brady.
Além disso, a imprensa local localizou várias mensagens publicadas pelo suspeito em redes sociais empregadas por grupos extremistas americanos nas quais alardeava sobre seu arsenal e manifestava seu ódio à comunidade judaica.
Bowers inclusive publicou uma mensagem pouca antes do massacre na qual deixava entrever o motivo dos seus futuros atos: "Não posso sentar-me e ver como minha gente é aniquilada. Que se f... seu ponto de vista. Vou fazer isso".
Pouco depois de publicar esta mensagem já apagada da rede social Gab, Bowers entrou na sinagoga da Congregação da Árvore da Vida armado com um fuzil semiautomático AR-15 e três pistolas Glock 57 e abriu fogo de maneira indiscriminada sobre os presentes que, naquele momento, assistiam a um cerimônia equivalente ao batismo.
Oito homens e três mulheres, de idades entre 54 e 97 anos, morreram e outras seis pessoas tiveram que ser hospitalizadas, quatro delas policiais.
O caráter antissemita do ataque levou a promotoria a apresentar acusações por crimes de ódio, já que a forma de atuar de Bowers faz com que, por enquanto, o ocorrido não seja considerado um ato de terrorismo doméstico.
"Um crime de ódio é quando um indivíduo atua encorajado pelo ódio ou uma animosidade contra pessoas de outra etnia ou crenças religiosas. E se transforma em terrorismo doméstico quando existe uma ideologia que o agressor está tentando propagar por meio da violência", explicou Brady.
O promotor destacou ainda que nada indica que o suspeito fizesse parte de um complô organizado, mas atuou como um lobo solitário.
No entanto, Brady não descartou que a investigação possa dar um giro nos próximos dias que leve às autoridades a mudar este enfoque.
Nesse sentido, o agente especial do FBI Bob Jones, responsável pelo escritório da polícia federal americana em Pittsburgh, comentou hoje que a investigação demorará ainda vários dias.
"É uma cena de crime grande e complexa (...). Estimamos que demorará uma semana para processá-la", declarou Jones.
O agente contou que, além da sinagoga, as autoridades estão vasculhando as propriedades de Bowers, analisando suas redes sociais e gravações de câmeras de segurança e tomando o depoimento de seus conhecidos.
Fonte: Por G1