Publicado em 21/04/2020 as 10:00am
Pandemia aumenta risco de violência contra mulheres refugiadas
Acnur pede aos países que mantenham acessíveis serviços de apoio
As mulheres e meninas refugiadas enfrentam risco maior de violência durante a crise provocada pela covid-19, disse hoje (20) o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), pedindo aos Estados que mantenham os serviços de apoio acessíveis.
No meio de uma crise, é mais provável que as mulheres refugiadas e deslocadas dos seus países sejam forçadas a fazer "sexo para sobreviver" ou a casar enquanto ainda são menores, alertou a alta comissária adjunta para a Proteção Internacional no Acnur, Gillian Triggs.
O "aumento do risco de violência" contra mulheres deslocadas deve ser levado em consideração pelos Estados nas suas respostas à crise do coronavírus, disse Gillian, pedindo que cada país garanta que os serviços para vítimas de violência sejam considerados essenciais e permaneçam acessíveis.
Ela anunciou que o Alto Comissariado vai distribuir fundos de emergência para mulheres consideradas em risco de violência e coordenar ações no setor humanitário "para garantir que os riscos de violência sexual e de gênero sejam atenuados" em todas as intervenções, incluindo a resposta de emergência no setor da saúde.
"A nossa rede global de funcionários de proteção do Acnur está em alerta máximo, e os nossos programas de ajuda às mulheres e meninas vítimas de violência estão sendo adaptados. Em alguns locais, são geridos remotamente por assistentes sociais, com o apoio de redes comunitárias voluntárias treinadas", disse.
"Temos de dar atenção urgente à proteção de refugiadas, mulheres e meninas deslocadas e apátridas neste momento de crise e pandemia", destacou a alta comissária adjunta, lembrando as pessoas que estão mais em risco.
"As portas não podem ficar abertas a agressores, e a ajuda deve se concentrar nas mulheres que sobrevivem a abusos e violência", afirmou.
Segundo a representante da ONU, as políticas de confinamento, bloqueios e quarentenas adotadas em todo o mundo como resposta à pandemia levaram à restrição de movimentos das pessoas, a uma interação reduzida das comunidades, ao encerramento de serviços e ao agravamento das condições socioeconômicas. Esses fatores aumentam significativamente os riscos de violência por parceiros.
"Algumas mulheres podem acabar confinadas aos seus abrigos e casas, presas com os seus agressores, sem capacidade de se distanciarem ou procurarem ajuda pessoalmente", adiantou Gillian, que é também especialista em direito internacional.
"Outras, incluindo aquelas que não têm documentação ou que perderam a sua forma de sustento devido à devastação econômica causada pela covid-19, podem ser forçadas a fazer sexo para sobreviver ou a casar as suas crianças para que as famílias sobrevivam. Dentro de casa, muitas mulheres estão também a assumir um fardo cada vez maior como cuidadoras", disse.
*Emissora pública de televcisão de Portugal
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Fonte: RTP - Lisboa / Agência Brasil