Publicado em 23/10/2020 as 1:30pm
Coronavírus: Brasileiros são os 2º que mais aceitariam vacina, revela estudo
O levantamento divulgado na revista Nature envolveu especialistas dos EUA e Europa
O estudo publicado na revista Nature revela que 85,3% dos brasileiros estão dispostos a se vacinar contra a covid-19 se "um imunizante comprovadamente seguro e eficaz estiver disponível" à população.
O índice brasileiro de aceitação é o 2º mais alto do mundo. Fica atrás apenas da China, onde o índice chega a 88,6%. A informação foi divulgada um dia após o Presidente Jair Bolsonaro afirmar que uma futura vacina contra a doença não será obrigatória no País. Na quarta-feira (21), o dirigente do país também descartou comprar o imunizante chinês. Ele contestou o que havia sido dito, anteriormente, pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
O levantamento publicado na Nature envolveu especialistas dos EUA e Europa. Eles analisaram as respostas de 13,4 mil pessoas nos 19 países mais atingidos pela pandemia. O objetivo era descobrir qual seria a potencial hesitação global diante de uma vacina. Os números gerais mostram que 72% dos entrevistados aceitariam o imunizante. Os demais 28% daqueles envolvidos na pesquisa o recusariam ou duvidariam em tomá-lo.
Para os especialistas envolvidos, esse porcentual de hesitação é alto diante de uma emergência global de saúde do porte da covid-19. Sobretudo, se o percentual de proteção oferecido pela vacina for baixo.
Atualmente, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem mais de 100 potenciais vacinas contra a covid-19 em desenvolvimento em todo o mundo. Muitas estão em fase final de testes em seres humanos e são pré-negociadas com vários países, inclusive o Brasil. Diante de uma segunda onda da infecção já assolando a Europa, um imunizante eficaz é considerado a maior esperança no combate ao novo coronavírus. Entretanto, a vacina precisa ser aceita pela população.
"Será uma tragédia se conseguirmos desenvolver uma vacina segura e eficiente e as pessoas se recusarem a tomá-la. Precisamos desenvolver um esforço robusto e sustentado para lidar com essa hesitação em relação à vacina e restaurar a confiança do público no benefício das imunizações para as famílias e as comunidades", alertou Scott C. Ratzan, co-autor do estudo, da Escola de Saúde Pública e Políticas Públicas da Universidade de Nova York.
"Nossas descobertas são consistentes com pesquisas recentes nos Estados Unidos, que mostram uma redução da confiança do público em uma vacina contra a covid-19", acrescentou.
O porcentual mais baixo de resposta positiva para a vacina foi detectado na Rússia: 55%. Nos EUA, 76% dos entrevistados afirmaram que tomariam o imunizante.
"Esse porcentual do Brasil não é uma surpresa. Vários outros estudos já mostraram a mesma coisa", afirmou a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai. "O brasileiro confia em vacina, entende que a vacinação é importante".
Ainda segundo Isabella, dados recentes de baixa cobertura imunizante no Brasil teriam outras explicações. "Só a confiança no imunizante não faz a pessoa se vacinar. Ela precisa ser informada, ter acesso, ser lembrada. Esses são os fatores principais quando falamos em baixa cobertura na América Latina", explicou a especialista.
"Agora, se continuarmos com essa guerra política, essa desinformação, a vacina de um país contra a vacina de outro país, isso tudo que está acontecendo, leva à desconfiança sobre a vacina. É fundamental que a população tenha confiança nas autoridades públicas, elas não podem estar brigando", alertou.
Um dos coordenadores do estudo, Ayman El-Mohandes, da Escola de Saúde Pública e Políticas de Saúde da Universidade de Nova York, defendeu a necessidade de "aumentar a confiança na vacina". Ele também afirmou ser necessário expandir a "compreensão das pessoas sobre o quanto um imunizante pode controlar a disseminação da covid-19 em suas famílias e suas comunidades".
Na atual pandemia, o ideal seria que os países conseguissem obter a mais alta cobertura vacinal possível contra a covid-19. Como nenhuma vacina foi aprovada, não se sabe ao certo qual será a eficácia do imunizante; ou seja, ele pode proteger um porcentual pequeno de pessoas. Já há candidatas a vacina na fase final de testes, como os da parceria entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantã, de São Paulo, e o do projeto da farmacêutica AstraZeneca com a Universidade de Oxford, na Inglaterra.
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Fonte: Redação - Brazilian Times.