Brasileira de casa com policial que tentou multa-la em Ohio e hoje tem sete filhos

A vida da capixaba de Colatina, Jaqueline Burgarelli é uma daquelas que poderia se tornar um roteiro para um filme ou até mesmo uma novela. Ela se mudou para os Estados Unidos no ano de 2005, fixando residência em Columbus, no estado de Ohio. Esta mudança se deu após ela conhecer um cidadão norte-americano pela internet.

Mas primeiro, o homem foi ao Brasil para conhecê-la e os dois iniciaram um namoro que durou um ano e depois se casaram. Ela tinha apenas 19 anos de idade e ele fez a proposta para que se mudassem para os EUA. Ela aceitou e logo depois engravidou. A capixaba conta que a união do casal não durou muito e teve separação muito conturbada.

De acordo com Jaqueline, o seu filho tinha menos de 2 anos quando ela se separou e ficou sozinha em um país estranho e sem dominar o idioma. Ela conta que já estava se arrependendo de suas decisões quando conheci James, um policial local.

O encontro dos dois não foi muito romântico. Ela trabalhava como garçonete em um restaurante mexicano para se sustentar. Um dia de feriado, o estabelecimento ficou local e a brasileira ultrapassou seu horário de trabalho pois não queria perder as gorjetas. Mas como queria voltar logo para sua casa, entrou no carro e ultrapassou os limites de velocidade.

Jaqueline estava dirigindo o dobro da velocidade permitida e então, uma viatura policial surgiu e a parou. O policial era de origem latina e ela tentou explicar, em inglês, os motivos para estar em alta velocidade. Assustada, ela começou a chorar e o oficial se sensibilizou e desistiu de multá-la, mas deu uma advertência de que na próxima vez não teria perdão.

A capixaba foi embora bastante nervosa e com raiva. Mas o que ela não imaginava é que teria um novo encontro com este policial. Eles se esbarram sem combinar e esse encontro aconteceu poucos meses depois em um bar da cidade. Ela lembra que era um sábado, seu filho estava na casa do pai com quem ela tinha brigado.

“Meu dia estava horrível e como não estava acostumada a beber, bastaram poucas doses para eu começar a chorar na mesa do bar”, disse ressaltando que sua amiga decidiu que era melhor ir embora e quando chegou à porta do bar se deparou com o policial. “Bêbada, comecei a pedir a ele que me prendesse, dizendo que queria ser deportada para o Brasil — algo impossível, já que minha situação lá era completamente legal”, continuou.

A amiga pediu desculpas e explicou que Jaqueline passava por uma situação difícil. Até aquele momento, ela não estava interessada no policial e muito menos lembrava que já se conheciam. “Mas foi como se eu tivesse sido atingida por uma intuição fortíssima. Escutei uma espécie de voz interior me dizendo que ele seria meu marido. Gosto de pensar que foi Deus me avisando sobre o que estava por vir. Só então comecei a enxergá-lo com outros olhos”, afirmou.

Mas tudo pareceu uma grande loucura e ela foi embora, mas o destino continuou escrevendo a sua história. Mais uma vez eles se encontraram no mesmo bar. Ela conta que bastou uma conversa para que o romance engatasse. “Ele me achou divertida e espontânea. Nos beijamos, trocamos telefone, almoçamos juntos e, na semana seguinte, começamos a namorar”.

Em 2008, eles foram morar juntos e em 2010, ela engravidou. Dos dois levaram uma vida tranquila e em 2014, uma série de eventos fez com que a família se multiplicasse da noite para o dia. Em menos de dois anos, eles adotaram mais cinco crianças.

Enquanto isso, no Brasil, a família dela vivia um drama. Um de seus irmãos era usuário de drogas e faleceu. Ele tinha dois filhos, mas sua mãe não os conhecia, pois eles viviam longe. “À distância, fizemos um esforço e conseguimos localizar a mãe das crianças, uma mulher alcoólatra, que tinha ainda mais uma filha, de outro homem. Conseguimos convencê-la a visitar minha mãe. No dia do encontro, todos foram jantar e, no meio da refeição, ela começou a passar mal”, contou.

Para a surpresa da família, ela precisou ser hospitalizada e em questão de dias, por complicações de uma cirrose, morreu.

A mãe de Jaqueline, na época com 70 anos, se viu sozinha com as três crianças. O casal passou a fazer de tudo para ajudá-la financeiramente. Foi então que ela e James decidiram entrar com um pedido oficial de adoção, a fim de trazê-las para morar com eles, em Ohio. “Encaramos todas as burocracias, os gastos financeiros e o tempo de espera. Até que finalmente pudemos buscar nossos filhos e passar a cuidar deles no dia a dia”.

Quando Jaqueline pensava que já estava tudo se acalmando, a vida não quis que o casal descansasse e ela descobriu o casal estava por se tornar pais de mais dois bebês. Sem saber que estava grávida de gêmeos, uma moça jovem da cidade havia tentado praticar um aborto tardiamente. Ela passou mal e, no hospital, deu à luz as duas crianças, vivas e saudáveis.

Temporariamente, o menino e a menina ficaram sob os cuidados da avó, uma senhora que frequentava a mesma igreja que Jaqueline. No entanto, ela foi diagnosticada com mal de Alzheimer e, portanto, perderia a guarda de ambos. Vendo o desespero dela, a capixaba levou os bebês para dentro de sua casa. O que era para ser um acolhimento temporário se tornou um lar. Desde então, a família é formada por nove pessoas.

Jaqueline abriu mão de muitos de seus sonhos em prol da sua família e tem uma história linda para contar para os netos. (com informações da Coluna Univesa/UOL)

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Fonte: Redação Brazilian Times