Governador de Nebraska diz que imigrantes indocumentados serão os últimos a receber vacina da Covid-19

Depois de informar aos repórteres na segunda-feira, dia 04, sobre os planos de entregar vacinas contra o coronavírus nas fábricas de empacotamento de carne do Nebraska, o governador republicano Pete Ricketts foi questionado se trabalhadores indocumentados seriam incluídos. “Você deveria ser residente legal no país para poder trabalhar nessas fábricas”, respondeu ele. “Portanto, não espero que imigrantes em situação ilegal sejam incluídos neste programa de vacinação”.

Quando sua opinião, rapidamente, se tornou viral, aumentando a indignação dos críticos, as autoridades de Nebraska se apressaram em esclarecer. “Os imigrantes ainda se qualificariam para a vacina”, disse um assessor de Ricketts, “mas aqueles sem status legal teriam que esperar no final da fila”.

Na segunda, o diretor de comunicações do Governo, Taylor Gage, escreveu no Twitter que “Nebraska vai priorizar os cidadãos e residentes legais e que indocumentados somente depois”.  Essa abordagem ainda irritou muitos defensores, que argumentam que pode gerar desconfiança e afastar os imigrantes de uma campanha de imunização que visa alcançar o maior número possível de pessoas em no estado.

“O governador deve desconhecer que centenas de trabalhadores indocumentados trabalham em instalações lotadas e de alto risco que são consideradas essenciais para o abastecimento de alimentos do país”, disseram os opositores à opinião do Estado.

“Este vírus não é discriminatório com base no status de imigração”, disse Dulce Castañeda, uma organizadora do grupo ativista Children of Smithfield, em uma entrevista ao The Washington Post. “Ele não pergunta às pessoas se são cidadãos, se são residentes, se têm visto para infectá-las. Então, por que usariamos esse argumento para efetuar a vacinação?

A maioria dos estados, incluindo Nebraska, tem cumprido as recomendações federais de fornecer vacinas para os profissionais de saúde da linha de frente primeiro, seguidos pelos residentes e funcionários de asilos. Mas a questão de quem deve tomar a vacina em seguida, e quando, provou ser politicamente difícil em todo o país.

Os governadores republicanos no Texas e na Flórida resistiram ao conselho das autoridades de saúde pública de se concentrar nos trabalhadores essenciais da linha de frente, em vez de optar por acelerar a vacinação para uma faixa mais ampla de idosos. No Colorado, o governador Jared Polis (D) redigiu um plano fortemente criticado que colocava os presos, que enfrentaram alguns dos surtos mais mortais do país, antes daqueles com condições crônicas de saúde.

No entanto, nenhum outro estado parece ter sugerido publicamente que irá considerar o status legal em sua campanha de imunização - uma medida que até mesmo autoridades federais alertaram que poderia ser perigosa. “Ninguém neste país deve ter a vacina negada por causa de sua situação imigratória”, disse o cirurgião-geral dos Estados Unidos, Jerome Adams, ao programa “Face the Nation” da CBS, no mês passado.

James Goddard, o diretor sênior do Nebraska Appleseed, um programa sem fins lucrativos, disse em uma entrevista ao The Post que era “alarmante” que Ricketts pudesse fazer os imigrantes indocumentados esperar mais por uma vacina. “Muitos são trabalhadores essenciais que, na verdade, merecem alta prioridade, dado o risco de exposição”, disse ele, “e seria logisticamente impossível e potencialmente ilegal examinar a situação legal durante a administração das vacinas”.

Ele acrescentou que “é uma política de saúde pública e todos devem ter acesso igual à vacina o mais rápido possível”.

No início da pandemia, o vírus se espalhou por frigoríficos em Nebraska e estados próximos, infectando milhares de trabalhadores em algumas fábricas e matando centenas enquanto os gerentes lutavam para implementar medidas de saúde e segurança.

Durante uma entrevista coletiva na segunda-feira, Ricketts e autoridades de saúde de Nebraska anunciaram que o estado planeja começar a administrar vacinas para pessoas com 75 anos ou mais, trabalhando com departamentos de saúde locais, bem como farmácias e clínicas médicas. “Trabalhadores essenciais, incluindo aqueles em frigoríficos, receberão as vacinas mais para frente”, disseram.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.