Indocumentado que passou 3.5 anos refugiado em igreja sai do esconderijo

Pela primeira vez em 3 anos e meio, Alex Garcia saiu da igreja do Missouri em que vive desde 2017 como um homem livre na quarta-feira (24), voltando para casa com sua esposa e 5 filhos. De acordo com o jornal St. Louis Post-Dispatch, o hondurenho buscou refúgio na Igreja Maplewood depois que autoridades federais tomaram medidas para fazer cumprir uma ordem de deportação desde a primeira vez que ele entrou nos EUA em 2000.

Garcia disse que agora tem garantias da administração de Biden e do Departamento de Imigração (ICE) de que não precisa mais temer a deportação, informou a agência de notícias Associated Press. Em um comunicado à imprensa revisado pelo Post-Dispatch, o advogado de imigração de Garcia disse que ele não é mais uma prioridade para remoção pelo ICE e que a agência "inequivocamente" disse que não iria prosseguir com sua detenção.

Desde que se tornou presidente, Joe Biden desfez muitas das políticas de imigração do ex-presidente Donald Trump por meio de ordens executivas.

Garcia tentou entrar nos EUA pela primeira vez em 2000, fugindo da extrema pobreza e da violência em Honduras, mas foi imediatamente deportado, informou o Post-Dispatch. Ele voltou a entrar em 2004, e desde então trabalhava e vivia no país.

Uma vez nos EUA, ele embarcou em um trem que pensava estar indo para Houston (TX) e, em vez disso, acabou em Poplar Bluff, Missouri, disse a agência. Ele encontrou um emprego trabalhando na construção civil e conheceu sua futura esposa, uma cidadã dos EUA. Durante mais de 10 anos, eles viveram em silêncio com sua crescente família. Entretanto, em 2015, ele acompanhou a irmã dele à uma visita ao escritório da imigração e as autoridades perceberam que ele estava no país ilegalmente, informou o Post-Dispatch. Ele recebeu duas prorrogações de um ano, mas seu 3º pedido foi negado em 2017.

Caso tivesse sido deportado em 2017, Garcia teria que deixar os EUA por 10 anos antes de poder solicitar a residência legal permanente, disse o Post-Dispatch.

Sob orientação federal, igrejas, escolas e hospitais não deveriam ser invadidos por funcionários federais da imigração para realizar deportações ou remoções, então ele recorreu à Igreja Unida de Cristo, no subúrbio de St. Louis, Maplewood, Missouri, como santuário. Ele ficou refugiado no local por 1.252 dias.

A esposa e os filhos de Garcia dirigiam regularmente mais de 160 quilômetros para visitá-lo enquanto ele morava na igreja antes de finalmente se mudarem para Maplewood para ficar perto dele, informou o Post-Dispatch. O jornal também disse que as autoridades locais e até mesmo residentes de Poplar Bluff que se identificaram como apoiadores de Trump se juntaram à luta para ajudar a manter Garcia com sua família.

Após sua saída da igreja na quarta-feira (24), Garcia se dirigiu a uma multidão de cerca de 100 pessoas e agradeceu à comunidade por seu apoio contínuo durante seus anos na igreja.

"Ainda não terminamos", disse Garcia à multidão. “Ainda há muito trabalho a ser feito”.

Dois dias antes de sua saída, o deputado Cori Bush, do Missouri, patrocinou um projeto de lei privado visando conceder a Garcia residência permanente no país. Embora Garcia esteja voltando para casa e sua família, por enquanto, Bush enfatizou que ela planeja garantir que a legislação ainda seja aprovada, pois é a maneira mais segura de garantir a unidade permanente de Garcia e sua família, informou o Post-Dispatch.

Myrna Orozco, coordenadora organizadora do Church World Service, relatou que 33 imigrantes ainda estão refugiados no interior de igrejas em todo o país. Ainda assim, o grupo espera que esse número continue diminuindo.

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