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Publicado em 3/10/2021 as 1:00pm

Hondurenho é vencedor regional das Américas do Prêmio Nansen para Refugiados do ACNUR

Da redação Santiago Ávila Corrales, assistente social empenhado em evitar que outras pessoas...

Da redação

Santiago Ávila Corrales, assistente social empenhado em evitar que outras pessoas sofram a mesma violência que marcou sua vida, é o vencedor regional para as Américas do Prêmio Nansen para Refugiados deste ano - um prêmio humanitário concedido anualmente pelo ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados.

Ávila Corrales nasceu em uma dos bairros mais violentos de Tegucigalpa, capital de Honduras. O assassinato de seu irmão mais novo por membros de uma gangue obrigou o restante da família a deixar sua casa. Por isso, junto com outros jovens, ele assumiu o desafio de fazer parte da organização Juventude Contra a Violência em Honduras, que atende meninas, meninos e jovens de 06 a 20 anos. Na última década, ele dedicou sua vida ao empoderamento da juventude hondurenha para que escapassem do recrutamento forçado de grupos criminosos.

“A violência quebra os processos organizacionais. A violência que estigmatiza os jovens pode ser transformada com a liderança dos próprios jovens, que foram vítimas e estigmatizados por essa realidade de violência. Acho que é isso que Santiago nos convida a fazer. Nos lugares onde Santiago e sua equipe trabalharam, eles conseguiram essa transformação”, disse Andrés Celis, Representante do ACNUR em Honduras.

O Prêmio Nansen para Refugiados do ACNUR é uma distinção para indivíduos, grupos ou organizações que vão além na tarefa de proteger refugiados, pessoas deslocadas e apátridas. Desde a criação do prêmio, em 1954, já foram mais de 60 vencedores em todo o mundo, de diferentes países.

Atualmente, Santiago Ávila é o diretor da Juventude Contra a Violência, uma organização que cria espaços seguros nos quais crianças e jovens em situação de risco podem escapar da pressão exercida por grupos criminosos.

“Muitos desses jovens são ‘seduzidos’pelas maras e pelas gangues. Eles não querem fazer parte delas, mas não há mais outros grupos em sua comunidade. Por isso criamos um novo grupo para que meninos e meninas tenham uma alternativa”, explicou o ganhador do prêmio.

Em 2019, o incessante ativismo e lobby da Juventude Contra a Violência contribuíram para a aprovação da Lei de Controle de Armas de Fogo, Munições, Explosões e Outros Similares em Honduras. Essa lei reduziu o número de armas que uma pessoa pode possuir. Além disso, em 2020 conseguiu apresentar o projeto de Lei sobre deslocamento forçado para discussão no Congresso Nacional do país.

Com mais de 34,4 mil pessoas refugiadas reconhecidas em todo o mundo e 148.934 pedidos de asilo, Honduras ocupa o quarto lugar entre os países com os maiores requerentes de asilo, depois da Síria. Além disso, estima-se que a violência endêmica deslocou pelo menos 247 mil pessoas no país, 66% das quais têm menos de 30 anos de idade.

O estudo de caracterização do deslocamento interno em Honduras realizado pelo governo em 2019, com o apoio do ACNUR, indica que 46% dos deslocados internos entre 2004 e 2018 tiveram que interromper ou abandonar os estudos. O corpo docente também enfrenta riscos como extorsão, ameaças e violência sexual, que são, em última instância, as causas do deslocamento forçado.

“Um dos principais desafios enfrentados pelos jovens hondurenhos é o silêncio da sociedade, diante da situação de suas comunidades, e o fato de não necessariamente os incorporarem na resolução do problema”, explicou Andrés Celis.

Em 2018, a Juventude Contra a Violência tornou-se credor do Fundo de Iniciativa Juvenil do ACNUR e, desde 2020, é parceiro do ACNUR, com o qual o grupo desenvolve programas inovadores para jovens de escolas e comunidades de maior risco em Honduras.

Por sua vez, o ACNUR está trabalhando em estreita colaboração com instituições governamentais locais e nacionais para preparar a implementação da estrutura normativa sobre deslocamento interno em Honduras assim que for aprovada pelo Congresso.

 

Vencedor global e outros vencedores regionais:

Este ano, a Associação de Desenvolvimento Humano JeelAlbena, do Iêmen, recebeu o Prêmio Nansen para Refugiados de 2021. A organização forneceu meios de subsistência a dezenas de milhares de pessoas deslocadas pelo conflito no país.

Além disso, cinco vencedores regionais também foram selecionados, incluindo o vencedor das Américas:

Dra. SaleemaRehman - médica refugiada afegã,de 29 anos, que vive e trabalha no Paquistão. Ela foi selecionada como a vencedora na Ásia, não apenas por sua coragem e dedicação como profissional médica em meio à pandemia COVID-19, mas também por ser um motor de mudança na promoção da educação de meninas.

NikolaKovačević (32 anos), advogado independente de direitos humanos, foi eleito o vencedor na Europa por defender os direitos dos refugiados e requerentes de asilo na região dos Balcãs.

Duas pessoas ganharam o prêmio na África. RoukiatouMaiga, uma mulher de 55 anos de Burkina Faso, que foi reconhecida não só por defender os deslocados internos, mas também por ajudá-los a receber assistência. O cacique DianbendiMadiega, também de Burkina Faso, defendeu os direitos das pessoas deslocadas pelo conflito e providenciou abrigo para elas.

Jubran receberá o prêmio em nome de sua equipe na cerimônia virtual que acontecerá no dia 4 de outubro de 2021. A premiação consiste em uma medalha comemorativa e um prêmio financeiro de US$ 150 mil. Os vencedores regionais receberão reconhecimento simbólico e não monetário na cerimônia mencionada.

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