O resgate do INPE

Depois de amargar quatro anos figurado como inimigo número um do governo terraplanista juntamente com o IBAMA, o INPE inicia este ano com esperança para o futuro.

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) investirá os R$ 200 milhões para a aquisição do supercomputador para previsão de tempo e clima que o INPE necessita, os recursos virão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Em 17 de junho de 2023, o primeiro satélite brasileiro, projetado e construído no Brasil, utilizado para coleta de dados, o SCD-1, tornou-se o satélite com aplicação de observação da Terra mais longevo, ultrapassando o Geotail da NASA que era o que mais tempo operara. O SCD-1 foi lançado em 9 de fevereiro de 1993 e ainda opera, precariamente.

O Satélite SCD-2 completou 25 anos em órbita no dia 22 de outubro de 2023. Com uma vida útil nominal de dois anos, o SCD2 completa 25 anos com plena capacidade de geração de dados de missão para os seus usuários, e com parâmetros de atitude em órbita sob controle. O SCD-2 ainda mantém suas baterias operacionais e diferentemente de seu predecessor, foi concebido com alguma capacidade de controle de rotação.

Também o CBERS-4 completou 9 anos de operação em órbita, é o quinto satélite do programa entre o Brasil e a China, continua a operar com eficiência, fornecendo diariamente imagens para o Brasil, a China e o continente africano. Ele foi lançado em 7 de dezembro de 2014, a partir da base chinesa de Taiyuan.

O satélite tem duas câmaras brasileiras, a MUX com sua resolução espacial de 20 m, fundamental para estudos hídricos, vegetação e agricultura e WFI, com sua ampla faixa de imageamento de 866 km, fundamental para sistemas como o DETER e o PRODES, contribuindo para o controle do desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Em seus nove anos de operação, mais de 1.800.000 imagens geradas pelo satélite foram distribuídas gratuitamente, impactando órgãos governamentais, instituições de ensino e empresas.

Outro satélite construído com a China, o CBERS-4A, completou seu quarto ano de operação em órbita, foi lançado em 20 de dezembro de 2019. Mais de 200.000 imagens geradas pelo satélite foram distribuídas gratuitamente.

O INPE é um dos ganhadores do “Prêmio CAPES-Elsevier 2023. Este prêmio é um reconhecimento às instituições de pesquisa brasileiras que se destacaram pela contribuição de maior impacto aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Ao todo, 66 instituições brasileiras foram elegíveis esse ano, e 13 delas receberam prêmios.

Para 2024, o INPE inicia alguns projetos como a Missão Galileo Space Telescope que objetiva de medir o campo magnético solar e sua evolução para avançar na compreensão do funcionamento do Sol e sua relação com a Terra.

E ainda o satélite CBERS-5 que irá elevar a resolução ótica sem perder a qualidade e o CBERS-6 que terá um radar no lugar de câmeras, permitindo o registro de imagens da Amazônia mesmo quando ela estiver encoberta por nuvens, um passo a mais para combater os contraventores.

Mario Eugenio Saturno (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

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