Publicado em 22/06/2024 as 9:00am
Estudo revela que livros infantis sobre raça e orientação sexual são os mais banidos nas escolas dos EUA
Da redação Um estudo recente destacou que livros infantis abordando temas de raça e...
Da redação
Um estudo recente destacou que livros infantis abordando temas de raça e orientação sexual foram os mais banidos nas escolas dos Estados Unidos durante o ano letivo de 2021-2022. Esse levantamento, que analisou 2,5 mil proibições, mostra que 37% dos 1.648 livros afetados tratavam desses temas, estabelecendo um recorde histórico.
A pesquisa, intitulada "Banimento de Livros como Ação Política", foi realizada por um grupo de pesquisadores das universidades Duke (Carolina do Norte), Pensilvânia, Science Po (Paris), Columbia (Nova York) e Colorado Boulder. Publicado no PNAS Nexus, um periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS), o estudo aponta que a segunda categoria mais afetada foram livros de não-ficção sobre movimentos sociais e figuras históricas, com 22%.
Marcelo Gonçalves, doutorando em Políticas Públicas pela Universidade de Duke e um dos autores do estudo, sugere que a prevalência de livros infantis entre os banidos se deve a um discurso que apela à proteção das crianças. "Defensores dos banimentos argumentam que estão protegendo as crianças e os valores familiares, mobilizando pessoas que, muitas vezes, desconhecem o conteúdo dos livros banidos", explica Gonçalves.
A pesquisa revelou que a maioria dos autores dos livros banidos são mulheres (64%), seguidas por homens (29%) e pessoas não-binárias (3%). Além disso, 24% das autoras são mulheres não brancas, incluindo negras, hispânicas, asiáticas, indígenas e outras minorias. "Autores de minorias sociais são desproporcionalmente visados pelos banimentos, apesar de publicarem menos livros em comparação aos autores brancos", aponta Gonçalves.
O estudo indica que as proibições ocorrem mais frequentemente em regiões tradicionalmente governadas por republicanos, onde as eleições estão se tornando mais competitivas. Isso sugere que os banimentos são mais uma estratégia política para mobilizar eleitores conservadores do que uma tentativa de censura real.
"Em vez de servir como uma tática de censura, a proibição de livros, especialmente os infantis com personagens diversos, parece ser uma ação política simbólica para mobilizar eleitores conservadores", afirma Gonçalves.
O estudo ressalta que os livros banidos, em sua maioria, não estão entre os mais populares, e o banimento não teve um impacto significativo sobre o interesse nessas obras. Essa tendência reflete um uso político das proibições para influenciar eleitores em áreas onde o domínio republicano está ameaçado.