Publicado em 15/10/2024 as 12:00pm
Grupo de direitos humanos discute disparidade racial em penas de morte no Alabama
da redação Na última semana, grupos de direitos civis, como a ACLU do Alabama e o Alabama...
da redação
Na última semana, grupos de direitos civis, como a ACLU do Alabama e o Alabama Post-Conviction Relief Project (APCRP), organizaram um evento em destaque sobre as disparidades raciais e socioeconômicas no sistema de pena de morte. A história de Robin "Rocky" Myers, condenado à morte no Alabama, foi o foco central, representando um exemplo das falhas sistêmicas que muitos defensores acreditam estarem enraizadas nesse sistema de justiça.
O Caso de Robin Myers
Em 1994, Myers foi condenado à morte pelo assassinato de Ludie May Tucker, embora nunca tenha admitido envolvimento no crime. Myers, que morava em frente à casa da vítima, afirmou que não estava presente no momento do crime. O caso é ainda mais controverso, pois o júri havia recomendado uma sentença de prisão perpétua, mas o juiz Claude Bennett McRae impôs a pena de morte.
LeAndrew Hood, filho de Myers, participou do evento e compartilhou o impacto devastador da sentença em sua família. Ele contou como a ausência de seu pai o afetou profundamente, desde a juventude até momentos significativos, como o casamento e o nascimento de seus filhos. "Meu pai perdeu tantos momentos importantes da minha vida", lamentou Hood. "Ele sempre quis me ver crescer e se tornar a pessoa que ele me criou para ser."
Desigualdades e Falhas no Sistema
Os advogados de Myers argumentam que seu julgamento foi marcado por diversas falhas, incluindo a falta de uma defesa adequada. Entre as principais críticas, estão a alegação de que os advogados de Myers não o prepararam adequadamente para o julgamento e não investigaram completamente as provas e os depoimentos de testemunhas, algumas das quais, segundo a defesa, teriam sido pagas por sua cooperação.
Além disso, a equipe de defesa afirma que Myers, que tem apenas o equivalente ao ensino fundamental e possivelmente estava em abstinência de drogas no momento do interrogatório, foi coagido pela polícia a fornecer declarações incriminatórias. A polícia teria alegado falsamente que havia encontrado suas impressões digitais na cena do crime, levando Myers a admitir que esteve na casa, embora não houvesse impressões digitais suas no local.
Impacto Racial na Aplicação da Pena de Morte
Miriam Bankston, assistente social que trabalha com prisioneiros no corredor da morte, destacou que o caso de Myers é um exemplo claro de como o sistema de pena de morte afeta desproporcionalmente pessoas de cor e aqueles que vivem em situações de pobreza. "Se você é negro ou vive em um bairro pobre, é mais provável ser preso e, consequentemente, condenado à morte", disse Bankston.
Segundo o Death Penalty Information Center, a pena de morte é mais frequentemente aplicada quando a vítima é branca. No caso de Myers, a vítima, Ludie May Tucker, era branca, enquanto Myers é negro. O Rev. Manuel Williams, outro orador no evento, condenou a pena de morte como uma prática "racista, arbitrária e contrária à dignidade humana".
A Luta Continua
O caso de Robin Myers exemplifica o que muitos defensores dos direitos civis veem como as falhas intrínsecas da pena de morte. Para esses grupos, a luta pela justiça vai além de um único caso, sendo parte de um movimento maior para abolir uma prática que, segundo eles, perpetua desigualdades raciais e sociais e falha em deter o crime.