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Publicado em 20/11/2024 as 11:00am

Alta nos preços dos alimentos nos EUA pode se agravar com deportações em massa, alertam especialistas

Os americanos estão sentindo no bolso o aumento contínuo nos preços dos alimentos, com os...


Os americanos estão sentindo no bolso o aumento contínuo nos preços dos alimentos, com os custos dos itens básicos nos supermercados subindo consideravelmente nos últimos meses. A promessa de alívio vinda do presidente eleito Donald Trump, que afirmou em sua campanha que reduziria os preços, gerou expectativas, mas um aspecto de seu plano pode ter o efeito oposto, agravando ainda mais a crise da acessibilidade alimentar no país. Isso ocorre porque uma das suas promessas mais polêmicas — as deportações em massa de imigrantes indocumentados — pode impactar gravemente o setor agrícola, que depende amplamente de trabalhadores estrangeiros para manter a produção de alimentos.

A dependência da mão de obra imigrante

Na campanha, Trump prometeu acelerar a deportação de milhões de imigrantes sem documentos, uma medida que tem gerado fortes divisões e questionamentos sobre as consequências econômicas dessa ação. Embora a ideia seja diminuir a oferta de trabalho e conter a imigração ilegal, especialistas apontam que esse movimento pode afetar diretamente a produção de alimentos, levando a um aumento ainda mais acentuado nos preços.

Cerca de 41% da força de trabalho agrícola nos EUA é composta por imigrantes sem autorização de trabalho. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), em 2020, apenas 36% dos trabalhadores agrícolas eram cidadãos americanos, e 23% tinham visto de trabalho. "Se você tirar esses trabalhadores, não haverá produção. Só há uma maneira de os preços irem: eles vão subir dramaticamente", afirmou Chuck Conner, presidente do National Council of Farmer Cooperatives.

Indústrias essenciais para a produção de alimentos, como a agricultura, a pecuária e o processamento de alimentos, são profundamente dependentes de trabalhadores imigrantes. Estima-se que cerca de 1,7 milhão de imigrantes sem documentos trabalhem ao longo da cadeia de suprimentos alimentar nos Estados Unidos, desde a colheita de frutas e vegetais até o abate de animais e processamento de produtos de carne.

O impacto nas indústrias de alimentos e agricultura
Fred Leitz, proprietário de uma fazenda familiar em Michigan, disse que as deportações em massa seriam "devastadoras" para a economia agrícola. "Não haveria ninguém para colher as safras, e você não vai plantar nada que não possa colher e vender", explicou. Sem a força de trabalho necessária para colher produtos sazonais, como frutas e vegetais, e realizar tarefas críticas, como a ordenha de vacas e o abate de animais, a escassez de alimentos se tornaria inevitável, levando os preços a disparar.

A escassez de trabalhadores afetaria principalmente alimentos que exigem trabalho manual em sua produção, como maçãs, morangos, alface, tomates, bem como produtos de carne e laticínios. Em Idaho, por exemplo, cerca de 90% dos empregos no setor de laticínios são ocupados por trabalhadores estrangeiros, o que implica que uma política de deportação em massa poderia resultar em aumentos significativos nos preços de itens como leite, queijo e iogurte.

A aumento dos preços e as tarifa de importação

Além das deportações, outra proposta de Trump que pode agravar os preços é a imposição de tarifas massivas sobre alimentos importados. O ex-presidente sugeriu tarifas de até 20% sobre uma série de produtos alimentícios, como frutas tropicais, frutos do mar e café, os quais são amplamente consumidos nos EUA. Esses aumentos de tarifas, aliados à escassez de mão de obra, podem resultar em preços ainda mais elevados para os consumidores, especialmente em um contexto de inflação crescente.

A reação dos economistas

Economistas alertam que a medida de deportação em massa pode não só prejudicar a produção agrícola, mas também aumentar substancialmente os custos para os consumidores. Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Analytics, afirmou à CNN que a deportação de imigrantes causaria "uma grave escassez de mão de obra, custos mais altos e, portanto, preços mais altos para uma grande variedade de mantimentos". A única dúvida, segundo ele, é "quão altos os preços vão chegar". A escassez de trabalhadores seria especialmente aguda nas indústrias que dependem de trabalho manual intenso, que os americanos em grande parte não buscam.

A dificuldade de substituir os trabalhadores imigrantes

Muitos dos trabalhos que os imigrantes desempenham nas fazendas e indústrias alimentícias são vistos como difíceis e de baixa remuneração, fatores que tornam pouco atraente para os trabalhadores americanos assumir essas funções. De acordo com Rick Naerebout, CEO da Idaho Dairymen’s Association, "não há trabalhadores domésticos que queiram esses empregos", que exigem longas horas de trabalho físico ao ar livre, muitas vezes sob condições climáticas extremas. Com taxas de desemprego extremamente baixas, muitos americanos preferem empregos que ofereçam condições mais favoráveis.

Naerebout também observa que os EUA não têm um programa de visto permanente para trabalhadores rurais, o que torna ainda mais difícil preencher as vagas com mão de obra estrangeira legalizada. Por isso, muitos no setor agrícola pedem ao governo de Trump que ofereça status legal aos trabalhadores estrangeiros e crie programas de visto mais flexíveis para atrair mais mão de obra imigrante.

O impacto no custo de vida

A política de deportações em massa de Trump pode resultar em um aumento significativo no custo de vida nos Estados Unidos, com reflexos diretos no orçamento das famílias, especialmente aquelas que já enfrentam dificuldades com a alta dos preços. Embora a retórica de Trump seja de redução de impostos e menor intervenção no mercado, a escassez de trabalhadores e o aumento dos custos de produção podem anular esses ganhos, elevando ainda mais o custo dos alimentos.

Embora Trump e seus apoiadores argumentem que suas políticas econômicas podem reduzir a inflação e melhorar a acessibilidade para os cidadãos, os efeitos colaterais de uma política de imigração restritiva e de deportações em massa podem resultar em uma inflação alimentar ainda mais acentuada. O setor agrícola, essencial para a alimentação da população americana, depende de uma mão de obra imigrante que, se for retirada, pode gerar uma verdadeira tempestade econômica para as famílias de todo o país.

Fonte: Da redação

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