Especialistas alertam para impacto econômico com plano de deportação de Trump que ameaça a força de trabalho de Maryland

Enquanto o presidente eleito Donald Trump promete implementar a maior operação de deportação em massa da história dos Estados Unidos, especialistas estão soando o alarme sobre os possíveis danos econômicos para Maryland, onde mais de 250 mil residentes vivem sem status legal. Se concretizada, essa política pode causar uma grave interrupção na economia do estado, segundo analistas e líderes locais.

Benjamin Orr, presidente e CEO do Maryland Center on Economic Policy, expressou grande preocupação com as consequências tanto para as famílias quanto para a economia em geral. “Vai ter um impacto terrível nas famílias, e também vai desacelerar e prejudicar muito a economia do nosso estado”, afirmou Orr em entrevista ao Capital News Service.

Uma das áreas mais afetadas pode ser Langley Park, uma pequena comunidade predominantemente hispânica no condado de Prince George, onde muitos residentes vivem sem permissão legal. Willow Lung-Amam, professora associada na Universidade de Maryland e diretora do Urban Equity Collaborative, tem acompanhado de perto o medo causado pelas políticas de imigração. Durante o primeiro mandato de Trump, as investigações da ICE (Serviço de Imigração e Controle de Fronteiras) geraram um pânico generalizado em Langley Park, onde os moradores estavam hesitantes em sair de casa, conforme reportado em julho de 2019.

Agora, com Trump prometendo ações ainda mais agressivas, Lung-Amam teme que não apenas as deportações aumentem, mas que as comunidades imigrantes se sintam ainda mais marginalizadas. "O que eu temo para comunidades como Langley Park não é apenas o número de deportações… mas o sentimento maior de que aquela comunidade não importa, ou que as pessoas nela não importam", disse.

Imigrantes sem status legal representam 4,2% da população de Maryland, uma parte significativa da força de trabalho do estado. De acordo com o Migration Policy Institute, cerca de 150 mil imigrantes indocumentados estão empregados em Maryland, muitos em setores essenciais como construção, serviços de alimentação e serviços profissionais. Esses trabalhadores contribuíram com mais de US$ 1,2 bilhão em impostos em 2022, incluindo US$ 476 milhões em impostos estaduais e locais, além de um poder de compra estimado em US$ 4,3 bilhões.

“Imigrantes indocumentados, ao longo de suas vidas, contribuem muito mais em termos de pagamento de impostos e produtividade do que o que custam”, afirmou Michelle Mittelstadt, diretora de comunicação do Migration Policy Institute.

A importância econômica dessa força de trabalho vai além dos impostos e do poder de compra. Exemplos históricos mostram que as deportações em massa podem ter efeitos devastadores nas economias locais. Robert Lynch, professor de economia no Washington College, em Chestertown, Maryland, observou que, em episódios passados, como as leis anti-imigração do Arizona entre 2008 e 2015, o estado sofreu perdas substanciais de empregos, especialmente em indústrias que dependem do trabalho imigrante. A economia do Arizona viu uma queda de 2,5% no emprego após as deportações em larga escala, e homens brancos não hispânicos no estado registraram uma queda de 2% nas taxas de emprego.

Críticos argumentam que a ideia de que a deportação de imigrantes indocumentados abrirá vagas de trabalho para cidadãos americanos é equivocada. "A ideia de que a deportação em massa ajudará os cidadãos americanos no futuro é provavelmente uma ilusão", disse Lynch. Ele destacou que os imigrantes muitas vezes trazem habilidades complementares à força de trabalho, aumentando a produtividade e o crescimento econômico geral.

O impacto das deportações na economia de Maryland também pode ser agravado por cortes nos gastos federais, uma vez que o governo federal é o maior empregador do estado. Orr alertou que as deportações em massa, combinadas com possíveis reduções orçamentárias federais, podem prejudicar significativamente o consumo, destabilizando ainda mais a economia do estado.

O governador Wes Moore expressou apoio às comunidades imigrantes, destacando seu papel crucial na economia de Maryland. Ele está comprometido em proteger todos os residentes, independentemente de seu status de imigração, contra os possíveis impactos das políticas federais de imigração.

No entanto, à medida que Trump avança com seus planos para atacar os imigrantes indocumentados, tanto a economia de Maryland quanto suas comunidades imigrantes enfrentam um futuro incerto e potencialmente difícil. A dependência do estado em relação à mão de obra imigrante em vários setores, combinada com as contribuições econômicas dos trabalhadores indocumentados, sugere que as deportações em massa podem ter consequências duradouras e de longo alcance.