Nova Iorque vê um aumento de 146,5% nas agressões por reincidentes, com autoridades culpando um "sistema falho"

A cidade de Nova Iorque registrou um aumento impressionante de 146,5% nos reincidentes por agressões criminosas em um período de seis anos, afirmou o chefe de polícia da cidade, enquanto as agressões atingiam um nível recorde em 2024, o maior em duas décadas.

O número de agressões criminosas subiu para 29.417 em 2024, e os líderes do NYPD atribuem esse aumento às reformas na aplicação da lei em Albany, que, segundo eles, criaram uma “porta giratória” no sistema de justiça, permitindo que criminosos acusados retornem às ruas e continuem cometendo crimes.

“Esse é o desafio que enfrentamos”, declarou a Comissária de Polícia Jessica Tisch em uma coletiva de imprensa. “Sabemos o motivo. O principal fator é a porta giratória do nosso sistema de justiça criminal, amplamente criada pelas mudanças legislativas implementadas em 2020.”

Tisch explicou que o aumento da violência foi impulsionado por agressões a policiais, violência doméstica e ataques de desconhecidos.

Em 2024, Nova Iorque também testemunhou um aumento de 61,3% nos reincidentes por furtos e um aumento de 83,3% nos reincidentes por roubos, de acordo com Tisch. Ela destacou que os reincidentes, pessoas que cometem o mesmo crime pelo menos três vezes em um ano, são responsáveis pela alta nos números de agressões.

As 29.417 agressões registradas nos cinco distritos da cidade entre janeiro e dezembro de 2024 representaram um aumento de 5% em relação aos 28.003 casos registrados em 2023.

“Imagine como é frustrante para nossos policiais prenderem as mesmas pessoas pelos mesmos crimes nas mesmas comunidades todos os dias”, comentou Tisch. “E como é assustador para os nova-iorquinos verem o mesmo criminoso que os agrediu um dia, caminhando pelas ruas no dia seguinte. Não é difícil de entender.”

Ela continuou: “Esses números de reincidência mostram claramente que muitas pessoas estão cometendo o mesmo crime repetidamente, não ao longo da vida, mas em apenas um ano. Em um ano, elas estão de volta às ruas, cometendo os mesmos crimes.”

Tisch compartilhou uma história impactante: “Imagine como se sente a Srta. Jones, que foi roubada na segunda-feira, e ao caminhar pela rua no dia seguinte, vê a pessoa que a assaltou, roubando o vizinho. Isso destrói a confiança das pessoas em sua cidade, no fato de que elas estão sendo protegidas. A polícia faz a sua parte, mas os outros aspectos do sistema de justiça criminal precisam fazer o trabalho deles.”

Tisch destacou também o caso de Gary Worthy, de 57 anos, em liberdade condicional, acusado de atirar e ferir tanto um policial do NYPD quanto uma mulher de 26 anos durante uma tentativa de roubo em uma bodega de Queens. O policial ferido, Rich Wong, reagiu e atingiu Worthy fatalmente.

“O atirador tinha 17 prisões anteriores, todas enquanto estava em liberdade condicional vitalícia, incluindo prisões por roubo, furto e ameaças no último ano”, declarou Tisch. “Ele foi preso e liberado várias vezes enquanto estava em liberdade condicional vitalícia. Isso é uma evidência de um sistema falho, que não coloca as vítimas em primeiro lugar.”

Outro caso de reincidência que gerou indignação foi o de Franz Jeudy, de 33 anos, acusado de agredir Dulche Pichardo, uma auxiliar de ônibus escolar de Brooklyn, em março. Jeudy tinha um longo histórico de agressões semelhantes e problemas de saúde mental.

Além disso, Jonathan Davalos, de 26 anos, acusado de esfaquear um trabalhador da MTA em uma estação de metrô de Brooklyn em outubro, também tinha um longo histórico criminal, incluindo outros ataques semelhantes.

Apesar do aumento de reincidência, as autoridades destacaram que a cidade como um todo registrou uma diminuição de cerca de 3% nos crimes graves em 2024, com exceção das agressões e estupros, que apresentaram números mais altos.

Os homicídios caíram 3,6%, os roubos diminuíram 2,3%, os furtos caíram 5,7%, o furto qualificado teve uma redução de 5% e o furto de veículos caiu 10,3%.

“Isso significa 3.662 crimes a menos no ano passado, em comparação com o ano anterior”, disse Tisch. “Esses números representam pessoas que não foram vítimas de crimes.”

No entanto, os estupros aumentaram 18,9% no ano passado, com 1.748 casos registrados, contra 1.470 em 2023. Tisch explicou que, em setembro de 2024, a lei foi alterada para redefinir o que constitui estupro no estado de Nova Iorque, ampliando sua abrangência. Ela também destacou que, em 2024, quase metade dos estupros registrados estavam relacionados à violência doméstica, o que é um aumento em comparação aos anos anteriores, quando essa proporção girava em torno de 35%.