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Publicado em 1/03/2025 as 10:00am

FDA autoriza venda de sachês de nicotina como alternativa menos nociva ao cigarro convencional

Da redação A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos,...

Da redação

A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, autorizou, pela primeira vez, a comercialização de sachês de nicotina, marcando um avanço significativo na busca por alternativas menos prejudiciais ao cigarro tradicional. O ZYN, produzido pela Swedish Match, subsidiária da Philip Morris International (PMI), tornou-se, em janeiro de 2024, o primeiro produto do tipo a receber aprovação no país. A decisão foi baseada em extensas revisões científicas que avaliaram os sachês como uma opção mais segura para adultos fumantes que desejam reduzir os riscos à saúde.

Os sachês de nicotina são pequenas bolsas de celulose que se dissolvem na boca, liberando nicotina para ser absorvida pelo organismo. Diferente dos cigarros convencionais, que envolvem combustão e liberam milhares de substâncias tóxicas, os sachês eliminam a fumaça, reduzindo significativamente a exposição a compostos carcinogênicos. A FDA concluiu que esses produtos apresentam menor risco de câncer e outros problemas de saúde em comparação com os cigarros tradicionais.

Matthew Farrelly, Ph.D., diretor do Office of Science no Center for Tobacco Products da FDA, explicou que, para obter autorização, a agência exige "evidências suficientes de que os novos produtos oferecem mais benefícios à saúde da população do que riscos". Segundo ele, os sachês de nicotina atendem a esse critério, beneficiando adultos que não conseguem ou não querem parar de fumar.

 

Redução de Danos como Estratégia

O médico oncologista Alexei Peter dos Santos, mestre em Education Technology pela Universidade da British Columbia, destacou que, embora parar de fumar seja a melhor forma de prevenir doenças, muitas pessoas não conseguem abandonar o cigarro, mesmo com políticas de cessação e campanhas de conscientização. Para ele, a abordagem de redução de danos é crucial para esses indivíduos.

“O fumante de cigarros tradicionais fica exposto a mais de 6 mil componentes carcinogênicos. Quando passa a usar os sachês, há a nicotina, que causa dependência, mas com muito menos substâncias cancerígenas”, explicou. Ele ressaltou que a maior parte dos compostos tóxicos está na fumaça dos cigarros, liberada durante a combustão do tabaco.

Peter dos Santos também enfatizou a importância da regulação para evitar que os sachês atinjam o público jovem, prevenindo novos casos de dependência de nicotina. “A aprovação da FDA é um primeiro passo, mas é essencial controlar as ações de marketing e garantir que o produto seja direcionado apenas a adultos fumantes”, afirmou.

 

Situação no Brasil e Estratégia da PMI

No Brasil, os sachês de nicotina ainda não são autorizados, mas já circulam no mercado ilegal. O médico expressou preocupação com a falta de regulamentação no país. “Precisamos ter nossa própria experiência e adaptar essas políticas à nossa realidade. Esses produtos devem ser regulados e controlados”, disse.

A aprovação dos sachês faz parte da estratégia da Philip Morris International (PMI) para se transformar de fabricante de cigarros convencionais em líder de produtos sem fumaça. Esses produtos já representavam mais de 38% da receita líquida da empresa no primeiro semestre de 2024. Desde 2008, a PMI investiu mais de US$ 12,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de alternativas menos nocivas, incluindo dispositivos de tabaco aquecido, que reduzem a exposição a compostos tóxicos em até 95% em relação aos cigarros tradicionais.

A tecnologia de tabaco aquecido, ainda não disponível no Brasil, já está presente em mais de 90 mercados, como União Europeia, Nova Zelândia, México e Canadá.

 

Um Passo à Frente, com Cautela

A autorização da FDA representa um marco na redução de danos causados pelo tabagismo, mas especialistas alertam para a necessidade de políticas rigorosas que garantam o uso responsável desses produtos. Enquanto os sachês de nicotina oferecem uma alternativa menos prejudicial para fumantes adultos, a regulação e o controle são essenciais para evitar que novas gerações se tornem dependentes de nicotina.

Para países como o Brasil, onde os sachês ainda não são regulamentados, o desafio é desenvolver uma abordagem que equilibre a redução de danos com a prevenção do uso indevido, adaptando as lições aprendidas em mercados como os Estados Unidos.

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