Estados Unidos expulsam embaixador da África do Sul após acusações de "ódio à América" e tensões sobre questões raciais

Da redação

Nesta sexta-feira (14), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou a expulsão do embaixador sul-africano Ebrahim Rasool, declarando-o persona non grata. A decisão ocorre em meio a uma crise diplomática entre os dois países, agravada por acusações de discriminação racial e críticas ao governo Trump.

Em uma publicação nas redes sociais, Rubio acusou Rasool de "explorar questões raciais" e de "odiar a América e Trump". O anúncio foi acompanhado de um link para uma reportagem do site Breitbart, conhecido por seu alinhamento com o governo Trump, que citava declarações do embaixador sul-africano alegando que o presidente dos Estados Unidos estaria liderando um movimento de supremacia branca.

"O embaixador da África do Sul nos Estados Unidos não é mais bem-vindo no nosso grande país", escreveu Rubio. "Não temos nada a discutir com ele e, por isso, ele é considerado persona non grata." O termo, usado nas relações internacionais, significa que Rasool não é mais reconhecido como representante oficial e terá de deixar o território americano.

A expulsão ocorre semanas após os Estados Unidos cortarem ajuda financeira à África do Sul, em um movimento que gerou controvérsia. No início de fevereiro, o governo Trump justificou a decisão alegando que o país africano estaria discriminando brancos ao implementar uma reforma agrária que prevê a desapropriação de terras. A lei sul-africana visa corrigir um desequilíbrio histórico: dados indicam que os brancos, que representam menos de 10% da população, possuem três quartos das terras agrícolas de propriedade plena, enquanto os negros, que compõem 80% da população, detêm apenas 4% dessas áreas.

O bilionário Elon Musk, nascido na África do Sul e próximo de Trump, também entrou na discussão, afirmando que os sul-africanos brancos têm sido vítimas de "leis racistas de propriedade". Suas declarações ecoaram as críticas do governo americano, que classificou a reforma agrária como discriminatória.

Ebrahim Rasool havia apresentado suas credenciais ao então presidente Joe Biden em 13 de janeiro, marcando o início de sua segunda missão diplomática nos Estados Unidos. Sua expulsão representa um novo capítulo na deterioração das relações entre os dois países, que já vinham enfrentando tensões desde o início do ano.

A África do Sul ainda não se pronunciou oficialmente sobre a expulsão de seu embaixador, mas a medida deve acenturar as divergências entre os dois governos, especialmente em um momento em que questões raciais e históricas continuam a polarizar o debate internacional.