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Publicado em 1/04/2025 as 8:00am

Fabricantes de calçados dos EUA pressionam por políticas que priorizem o "Made in USA"

Da redação Enquanto o governo Trump reforça sua retórica sobre a revitalização da...

Da redação

Enquanto o governo Trump reforça sua retórica sobre a revitalização da manufatura americana, a indústria calçadista do país busca transformar discurso em ação. Durante o encontro anual da U.S. Footwear Manufacturing Association (USFMA) na capital esta semana, fabricantes, fornecedores e inovadores do setor defenderam maior apoio federal para reduzir a dependência de importações — especialmente da China — e reconquistar espaço em um mercado dominado há décadas pela produção asiática.

Atualmente, apenas 1% dos calçados vendidos nos EUA são fabricados localmente, um cenário que o setor quer elevar para 5% nos próximos anos. Para isso, a associação pede US$ 15 milhões em financiamento militar em 2026, visando modernizar linhas de produção e fortalecer a cadeia de suprimentos doméstica.

 

Oportunidade nas Forças Armadas

O foco imediato está no Departamento de Defesa (DoD). Um estudo encomendado pelo Pentágono revelou que, em caso de conflito, os EUA levariam 18 meses para produzir calçados militares em escala suficiente — hoje, metade dos boots usados por soldados em bases (250 mil pares/ano) vêm de fabricantes estrangeiros.

A USFMA apoia o projeto de lei Better Outfitting Our Troops Act (BOOTS), que exigiria que todo calçado militar fosse feito nos EUA, em conformidade com a Berry Amendment (lei que prioriza produtos nacionais nas compras do governo). "Isso criaria massa crítica para sustentar não só o Exército, mas também a expansão comercial", argumentou Bill McCann, diretor-executivo da associação, em reunião com a deputada Lori Trahan (D-Mass.).

 

Tecnologia como diferencial

Empresas como a New Balance — que mantém 25% de sua produção nos EUA — estão investindo em fábricas inteligentes para competir com a Ásia. Em uma nova unidade no Maine, a marca combina robótica e IA para criar sapatos "com menos riscos de acidentes, maior eficiência e design inovador", explicou Kevin McCoy, líder da divisão Made in USA.

Já a startup Koobz, da Califórnia, aposta na impressão 3D para produzir calçados em peça única, sem costura. "Por que nos contentarmos com 5%? Podemos fazer 100% aqui e ainda exportar", desafia Kuba Graczyk, fundador da empresa e imigrante polonês.

 

Obstáculos: falta de insumos e tarifas

Apesar do otimismo, o setor enfrenta gargalos. Vincent Bonaddio, da Rogers Foam (MA), destacou que matérias-primas básicas, como certos polímeros, já não são produzidas nos EUA. "Tarifas podem nos prejudicar, pois importamos esses materiais", admitiu.

John Simon, da têxtil Signet Mills (SC), lamenta o desinteresse de grandes varejistas: "Se redes como Nike ou Walmart destinassem 5% de suas compras a fornecedores locais, seria um ponto de virada".

 

O caminho à frente

Para a deputada Trahan, neta de uma operária têxtil imigrante, o momento é de resgate da tradição manufatureira da Nova Inglaterra. Já McCann vê na crescente demanda por produção ágil pós-pandemia uma janela para reindustrialização.

Enquanto isso, Graczyk resume o espírito da nova geração: "Temos de ousar mais. Inovação, não humildade, é o que trará investidores e políticas públicas".

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