Publicado em 30/01/2015 as 12:00am
Brasileiro salva dezenas de pessoas e vira herói em Somerville
Sérgio Costa é um imigrante brasileiro que conseguiu vencer nos Estados Unidos.
Sérgio Costa é um homem simples, centrado naquilo que fala e faz, com objetivos específicos. Natural da cidade de Ipatinga (Minas Gerais), região do Vale do Aço, mantém uma rotina de atleta. Casado com Mislene Souza, pai de dois filhos, Emily e Thiago, terminou o ultimo semestre de criminologia na Bunker Hill Community College. Logo após, ele seguirá para a Northwestern University, onde dará continuidade aos seus estudos.
Costa chegou aos Estados Unidos no ano de 1998, com muitos sonhos, só que ele nunca imaginou que um dia estaria defendendo uma cidade, seus moradores e porque não dizer uma nação. Hoje o jornal Brazilian Times publicará um pouco de sua história e o que levou esse brasileiro a ser homenageado pelo prefeito de Somerville (Massachusetts), Joseph Curtatone, juntamente com toda a polícia local.
Brazilian Times: Conte nos como tudo começou:
Sérgio Costa: Eu, como auxiliar de sargento, e mais alguns auxiliares da polícia de Somerville, fomos designados para trabalhar no dia que aconteceu a corrida Jingle Bell Road, na cidade de Somerville.
BT: Vocês sempre fazem esse tipo de trabalho?
SC: Sim, todas as programações que acontecem dentro da nossa cidade, somos responsáveis para manter a segurança e o bom andamento de tudo que estará acontecendo no local.
BT: O que aconteceu exatamente no dia da corrida?
SC: Bom, eu estava atrás da ambulância, dando suporte ao evento da cidade. A corrida já estava na metade e alguns dos corredores já estavam apenas andando, foi quando eu fiz o cruzamento da Broadway com a Bristol, e percebi que havia um Jeep preto bloqueando a rua. Fui até o local para averiguar o que estava acontecendo.
BT: Até então ninguém havia percebido que havia algo errado com esse veículo?
SC: Acredito que não.
BT: Qual foi sua primeira reação?
SC: Eu corri até a janela do carro e percebi que o rapaz estava dormindo, não reagia e a porta do carro estava trancada por dentro. Bati na janela inúmeras vezes, mas ele parecia inconsciente.
BT: Você chegou a pensar em pedir reforço?
SC: Sim, eu liguei pedindo ajuda, mas ao mesmo tempo também estava preocupado com o rapaz no carro e temendo pelo o que poderia acontecer. Fui andando até a minha viatura, e quando olhei para trás, o motorista do Jeep vinha em minha direção. Fui puxado com força pelo meu companheiro que estava ao meu lado, caso contrário estaria morto essa hora. Na verdade, ele parecia muito estranho, não tinha noção do que estava fazendo. Ele atingiu a viatura que eu estava dirigindo, mesmo assim continuou acelerando seu carro, tentando empurra a minha viatura, e consequentemente atingir os corredores que estavam do outro lado, os quais não tinham a menor ideia do que estava se passando.
BT: Por algum momento, você chegou a ter medo?
SC: Lógico, a gente só pensa na tragédia que pode acontecer, né? E não tem como prevenir o que uma pessoa assim esteja pensando em fazer. Temos que agir rápido. São vidas que estão correndo perigo.
BT: O que aconteceu depois que você quase foi atingido?
SC: Eu peguei meu bastão e quebrei a janela do carro, pois percebi que não havia outra escolha. Ou eu tomava uma decisão rápida ou ele iria atingir as pessoas. Assim que quebrei a janela, fui logo agarrando o volante com uma mão e com a outra desliguei o carro. Ele ainda tentou reagir procurando alguma coisa nos bolsos da calça. Imediatamente dei ordens para manter suas mãos levantadas, esperando o pior. Mas graças a Deus ele voltou a si e obedeceu aos meus comandos. Puxei-o para fora do carro, com a ajuda de outros policiais, o algemei e em seguida reportei o caso ao meu supervisor.
BT: Você tem noção do ato heroico dessa história ou você acredita que foi o destino?
SC: Eu acredito que Deus estava ali o tempo todo nos protegendo, e me deu a capacidade de pensar e agir rápido. Ele apenas me usou como um bom soldado.
BT: Você esperava pela homenagem que recebeu?
SC: Na verdade fui pego de surpresa. Fiquei muito emocionado e honrado. Eu amo esse país e quero, com todas as minhas forças, defendê-lo e proteger os cidadãos que aqui vivem. O que estiver ao meu alcance, farei com muita dedicação.
BT: Existe outra área dentro do seu posto na polícia de Somerville, que você dá assistência?
SC: Sim. Muitas vezes sou chamado para fazer tradição em audiências nas cortes, e acontece muito deles me ligarem quando ocorre violencia doméstica. Infelizmente o número de casais, não só casados, namorados ou até paqueras, que se envolvem neste crime é enorme em na comunidade brasileira. Isso, sem contar com aqueles que estão passando por essa situação e não têm coragem de chamar a polícia. Em alguns casos acontece que, mesmo depois de registrarem a ocorrência, vão até a corte e pedem para cancelar. Estas mulheres estão colocando a própria vida em perigo.
BT: Um conselho para os compatriotas:
SC: Gostaria que vocês entendessem que a polícia está aqui para protegê-los. Quando você for parado pela polícia não precisa ter medo por estar dirigindo sem carteira. Algumas pessoas têm tanto medo que acabam acelerando saem em alta velocidade e muitas vezes acontecem tragédias. Você só precisa ficar tranquilo, dentro do seu carro, e obedecer as ordens do policial. Caso não tenha carteira, diga que não tem. O mais provável que vai acontecer é que o oficial pedirá para você providenciar alguém que tenha carteira para buscar o seu carro. Seja educado ao ser parado, pois ninguém gosta de ser afrontado, muito menos uma autoridade. Se você faz o certo, com certeza será tratado com respeito e dignidade.
BT: Agradecimentos:
SC: Eu quero agradecer aos meus companheiros de jornada, porque sem eles eu não teria livrado dezenas de pessoas da morte. Me senti muito honrado com a atitude do prefeito de Somerville, Joseph Curtatonee, juntamente com o Chefe David R. Fallon e Sargento Michael Kiely. A todos que estiveram presente na cerimônia e a vocês do jornal Brazilian Times.
Fonte: Da Redação do Brazilian Times | Reportagem de Stael DeMelo